A Reabilitação e a Neuroplasticidade

 

PRISCILA SANTANA DOS SANTOS 

A REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA E A  NEUROPLASTICIDADE 

São Paulo 

2020

PRISCILA SANTANA DOS SANTOS 

A REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA E A  NEUROPLASTICIDADE 

Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu 

Área de concentração: Neuropsicologia 

Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho Alarcon 

São Paulo 

2020

Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.

Santos, Priscila Santana A reabilitação Neuropsicológica e a Neuroplasticidade Priscila Santana dos Santos, Renata Trigueirinho Alarcon – São Paulo, 2020. 43 f. + CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (especialização) – Centro de Estudos em Terapia  Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon 1 A reabilitação neuropsicológica, 2. Neuroplasticida. I. Santos, Priscila Santana. II.  Alarcon, Renata Trigueirinho. 

Priscila Santana dos Santos 

A reabilitação neuropsicológica e plasticidade neural 

Monografia apresentada ao Centro de Estudos em  

Terapia Cognitivo-Comportamental como parte das  

exigências para obtenção do título de Especialista em  

Neuropsicologia 

BANCA EXAMINADORA 

Parecer: ____________________________________________________________ Prof. _____________________________________________________ 

Parecer: ____________________________________________________________ Prof. _____________________________________________________ 

São Paulo, ___ de ___________ de _____

DEDICATÓRIA 

Eu dedico este trabalho a minha filhinha Ayra Santana  Nogueira, quem mais sofreu com minha ausência e dedicação a  este trabalho. Dedico a meu marido Valter Cruz Nogueira que  vem me acompanhando e me ajudando nessa jornada e minha  família quem me apoio em mais esta etapa.

AGRADECIMENTOS 

Eu agradeço a minha orientadora Renata Alarcon que teve paciência e  empenho, me ajudando muito neste trabalho. Agradeço a minha coordenadora Camila  De Masi que me ajudou a prosseguir em momentos difíceis, agradeço ao meu  professor Marcão que me ajudou com dúvidas e com muito bom humor. Agradeço aos  meus familiares que me apoiaram e meus amigos que por vezes compreenderam  minha ausência em eventos por ter que me dedicar a este trabalho.

RESUMO 

O presente trabalho se trata de uma revisão bibliográfica que buscou verificar  a inter-relação entre a reabilitação neuropsicológica, o treino cognitivo e a  neuroplasticidade. As bases de dados pesquisadas foram: Livros de referência sobre  o assunto, Scielo, Google acadêmico e BVS. Como resultado, verificou–se uma  grande inter-relação entre a neuroplasticidade, reserva cognitiva, reabilitação  neuropsicológica e treino cognitivo.  

Palavras-chave: Reabilitação Neuropsicológica, Treino Cognitivo, Neuroplasticidade,  Neuropsicologia e Psicologia.

ABSTRACT 

The present work is a literature review that sought to verify the interrelationship  between neuropsychological rehabilitation, cognitive training and neuroplasticity. The  databases searched were reference books on the subject, Scielo, Google Scholar and  BVS. it was verified a great interrelationship between neuroplasticity, cognitive reserve,  neuropsychological rehabilitation and cognitive training. 

Keywords: Neuropsychological Rehabilitation, Cognitive Training, Neuroplasticity,  Neuropsychology and Psychology.

SUMÁRIO 

1 INTRODUÇÃO ……………………………………………………………………………………………8 2 OBJETIVO………………………………………………………………………………………………..19 3 METODOLOGIA………………………………………………………………………………………..20 4 RESULTADOS………………………………………………………………………………………….21 5 DISCUSSÃO………………………………………………………………………………30 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ………………………………………………………………………..33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………………………………………………………..34 ANEXOS……………………………………………………………………………………..38

1 INTRODUÇÃO 

1.1 Reabilitação neuropsicológica 

A procura por serviços de reabilitação tem crescido constantemente, não  apenas indivíduos com lesões encefálicas como também indivíduos saudáveis que  desejam melhorar seu desempenho cognitivo focado ou não para uma meta  específica. 

De acordo com Wilson (2003 apud HADAM, 2011), a reabilitação  neuropsicológica é um conjunto de intervenções que busca melhorar os problemas  cognitivos, emocionais e sociais de um indivíduo, decorrentes ou não de uma lesão  encefálica, visando alcançar mais independência e qualidade de vida. 

Segundo Hadam (2011) e a Organização Mundial da Saúde (2000), as doenças  ligadas ao funcionamento cerebral constituem a maior causa de deficiências no  mundo. 

Wilson (1991) aponta dificuldades para desenvolver e padronizar intervenções.  Fatores como a diversidade da população, os diferentes tipos de lesões e suas  características particulares fazem com que os programas de reabilitação se tornem  complexos. Também há pouco consenso entre os neuropsicólogos no que se refere  as teorias capazes de subsidiar a compreensão de como as funções cognitivas se  desenvolvem e se organizam no contexto da população geral. 

Wilson (2003 apud HADAM et al., 2011) propôs algumas diretrizes para nortear  a prática da reabilitação:  

A) a reabilitação é considerada uma parceria entre paciente, suas famílias e os  profissionais de saúde.  

B) o planejamento de objetivos tem sido um dos métodos mais utilizados para  reabilitação. 

C) os déficits cognitivos, emocionais e psicossociais estão conectados e todos  devem ser considerados no processo terapêutico.  

D) a reabilitação começa muitas vezes antes mesmo da estabilização do  quadro clínico, esta se dá durante a terapia intensiva. 

E) a reabilitação é uma área que necessita uma vasta base teórica que englobe  diferentes modelos e metodologias derivada de diversos campos da psicologia e das  neurociências. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012) o ponto fundamental da reabilitação é  que ela deve ser funcional, as ações são estruturadas visando os ganhos funcionais  que possa vir a ter. 

Segundo Muszkat e Mello (2012) o treinamento cognitivo deve se refletir na  vida prática do paciente, não basta dar uma lista de dez palavras para o paciente  memorizar, você pode utilizar esses recursos desde que esses recursos auxiliem o  paciente a desenvolver estratégias pra vida prática. 

Muszkat e Mello (2012) afirmam que escolheram a prática centrada no cliente,  que se refere a estratégias que partem e são compartilhadas com o paciente. Essa  prática é criada por terapeutas ocupacionais, mas “cabe” muito bem na reabilitação  neuropsicológica. 

De acordo com a Canadian Association of Occupation Therapists (CAOT) (MUSZKAT E MELLO 2012), a prática centrada no cliente é uma abordagem  colaborativa que objetivam possibilitar ocupações para os pacientes. Nesta  abordagem o paciente se envolve no processo de decisão, a fim de alcançar a  necessidade do paciente, reconhecendo a importância da experiência e do  conhecimento do paciente. De acordo com Andrade (2014, p. 361), na prática, atender  usando esse modelo, significa ouvir o que o paciente ou seu familiar tem a dizer. De  acordo com CAOT Muszkat e Mello (2012), “faça seu cliente capaz”, quanto mais  afetamos a vida do nosso paciente, mais resultados alcançamos. 

Na abordagem centrada no cliente as decisões devem ser discutidas, antes de  acontecerem e todos devem concordar com termos do trabalho. Segundo Andrade  (2014), os profissionais de reabilitação usam termos como atividade, tarefa, exercício  e ocupação como sinônimos. Devemos diferenciar cada uma dessas nomenclaturas. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012): 

•Atividade: Unidade básica de uma atividade, são ações simples. Por exemplo,  separar ingredientes para o pão de queijo. 

•Tarefa: Conjunto de atividades com um propósito definido. Por exemplo, fazer o pão  de queijo para a festa.

•Exercício: Conjunto de atividades com propósito definido e com graduação de  dificuldade. Por exemplo, fazer o pão de queijo para a festa com velocidade de  execução progressiva. 

Vamos focar nos exercício que ocupa boa parte do nosso trabalho. De acordo  com Andrade (2014), os exercícios exigem uma progressão no há grau de dificuldade,  quando criamos um exercício temos que pensar nas variáveis, essas podem ser: o  tempo de execução; tipo de estímulo (visual, auditivo, sensório-motor, olfativo…),  tamanho dos estímulos (pequeno, médio, grande), quantidade de estímulos (1, 2  poucos, muitos…) 

Andrade (2014) ressalta o porque um simples jogo da memória não pode ser  considerado uma tarefa, primeiro porque não graduação progressiva de dificuldade,  pelo contrário, o jogo fica cada vez mais fácil a medida que você acha os pares. O  jogo de memória poderia ser utilizado como uma atividade desde que tenha um  objetivo bem definido, mas não como uma atividade. 

Boa parte do trabalho em reabilitação é habilitar seu paciente para ser funcional  em sua ocupação. De acordo com Muszkat e Mello (2012) ocupações são quaisquer  atividades humanas ou tarefas organizadas para preencher uma função particular. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012) a ocupação é uma necessidade  humana e é determinante de saúde, a reabilitação neuropsicológica não fica restrita ao paciente, pois envolve toda sua rede relacional familiar, educacional e profissional. 

De acordo com Pontes e Hubner (2008) a reabilitação neuropsicológica é uma  área relativamente nova, e se dedica a conhecer de que maneira as diferentes lesões  cerebrais afetam as funções cognitivas. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012) o objetivo da reabilitação  neuropsicológica é estabelecer estratégias de base neurobiológica, para programas  de intervenções mais efetivas que resultem tanto na melhor adaptação funcional como  em melhoria da sua qualidade de vida. 

1.2 Neuroplasticidade e reabilitação neuropsicológica 

De acordo com Muszkat e Mello (2012), através dos mecanismos de  plasticidade neural, a própria lesão representa um impulso mobilizador para que o cérebro reprograme seus padrões originais de funcionamento e especialização  hemisférica. Portanto conhecer os mecanismos de adaptação e modelagem neural, envolvendo as diferentes experiências e estratégias de reabilitação é o grande desafio  para os profissionais de reabilitação. 

Os primeiros programas de reabilitação se iniciam no século XX, os mesmos  foram criados para auxiliar soldados sobreviventes com lesões adquiridas, foi em 1981  na União Soviética que Luria passou a sistematizar a reabilitação neuropsicológica (MUSZKAT e MELLO, 2012). 

Luria se centrava na compreensão como mecanismo de recuperação e não na  neuroplasticidade, enquanto mecanismo de restituição dos processos  neuropsicológicos (MUSZKAT e MELLO, 2012). 

De acordo com Muszkat e Mello (2012) o termo plasticidade tem origem  etimológica do grego plaiticós que se refere a capacidade de algo ser moldado ou  esculpido. A plasticidade cerebral é uma mudança adaptativa na estrutura e função  do sistema nervoso, ocorre em qualquer fase da vida em função da interação com o  meio ambiente externo e interno. 

Segundo Muszkat e Mello (2012) a plasticidade neural é multidimensional, ela  delimita as relações entre estrutura e função das respostas adaptativas, impulsionada  por lesões ou desafios do meio. A plasticidade neural como estrutura organizacional,  é intrínseca ao cérebro e se mantém ativa a vida toda inclusive na velhice. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012), a plasticidade neural se dá de diversas  formas, o neuroquímico, na modificação de neurotransmissores e neuromoduladores  durante o crescimento e o desenvolvimento. Os diferentes padrões de conexões entre  os neurônios modificam as sinapses ativas e o comportamento, criando estratégias  cognitivas de acordo com os desafios do ambiente. 

A plasticidade neural está envolvida no crescimento de novas conexões  sinápticas, o crescimento de espículas dendríticas, mudança na conformação de  macroproteínas das membranas pós-sinápiticas e o aumento das áreas sinápticas  funcionais (MUSZKAT e MELLO, 2012). 

De acordo com Muszkat e Mello (2012) o desenvolvimento cerebral é  caracterizado com diferentes expressões do potencial de modificabilidade, através da  experiência. Esse potencial depende de diversos fatores tais como crescimento  neural, o grau de mielinização das estruturas, o desenvolvimento pré-natal e das  possibilidades que tem o cérebro de seus múltiplos padrões de resposta e conexões.

Assim a plasticidade neural se insere em uma perspectiva evolutiva  maturacional, na qual a expressão clínica dos padrões de lesões e disfunções difere  de acordo com o crescimento neuronal. 

1.3 Mecanismo envolvidos na plasticidade neural e na reabilitação neuropsicológica 

Segundo Rossini e Dal Forno (2004) do ponto de vista funcional a plasticidade  neural implica na reorganização funcional dos circuitos subjacentes a lesões cerebrais  que se reorganizam com a intenção de reestabelecer capacidades adaptativas. 

O cinco principais mecanismos são (MUSZUKAT e MELLO, 2012): • Diasquise: corresponde a perda temporária de função em áreas distantes da lesão,  mas neurologicamente conectados a ela. 

Reorganização funcional: refere-se ao recrutamento de circuitos amplos que  permitem a manutenção de um comportamento adaptativo. 

Modificação da conectividade sináptica: mecanismo na qual os neurônios  sobreviventes desenvolvem ramificações sinápticas e dendríticas para receber  outros neurônios do mesmo circuito ou distante deles. 

Alteração da estimulação sensorial: aferências sensoriais podem aumentar a  conectividade de circuitos parcialmente desconectados ou através de treino  autorregulador podendo diminuir a excitabilidade de um circuito hiperfuncionante. 

Regulação inter-hemisférica: interferência recíproca entre áreas do hemisfério  lesado no preservado. 

1.4 Tipos de plasticidade 

Neste trecho conheceremos os principais tipos de plasticidade. 

1.4.1 Plasticidade do desenvolvimento 

De acordo com Stiles (2000 apud MAZUK e MELLO, 2012), a plasticidade do  desenvolvimento se relaciona com padrões específicos de atividade neural espontânea, modulada de forma diferente durante o ciclo do desenvolvimento  maturacional. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012), os primeiros passos da maturação  neural são independentes do meio ambiente, tais como os processos de neurogênese,  migração e diferenciação, estes processos são determinados geneticamente. Os  processos de apoptose por desuso, arborização dendrítica e formação de novas  sinapses, são dependentes do estímulo e apresentam períodos mais sensíveis. De  acordo com Neville e Bavelier (2002), como por exemplo a linguagem os primeiros  anos de vida são os períodos mais sensíveis, tornando – se mais eficazes  intervenções até os quatro primeiros anos de vida. Neste caso crianças com  alterações de linguagem se beneficiam muito mais de intervenções precoces. 

1.4.2 Plasticidade dependente da experiência 

Segundo Muszkat e Mello (2012), como já sabemos nossas experiências  podem promover mudanças de padrões de comportamento, criar novas sinapses,  recrutar novos neurônios e aprimorar conexões neurais, nesse sentido a plasticidade  tem equivalência com fenômenos relacionados a aprendizagem. A capacidade de  recrutamento funcional leva a expansão do mapa funcional na área cortical envolvida. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012) a exposição prolongada a experiências  de treino, leva a alterações estruturais e à modulação da densidade sináptica das  áreas envolvidas com determinadas habilidades.  

Segovia, del Arco e Mora (2009) dizem que a estimulação cognitiva em  ambientes enriquecidos nas áreas visual e motor, tendem a aumentar a arborização  dendrítica em ambas áreas. 

1.4.3 Plasticidade após dano cerebral 

Existem formas de reorganização cerebral após lesões em áreas corticais. 

1.4.4 Plasticidade em áreas homólogas 

De acordo com Muszkat e Mello (2012), particularmente durante os primeiros  anos de vida, as áreas homólogas tendem a compensar a função perdida por outra  área associada.

1.4.5 Realocação intermodal 

De acordo com Muszkat e Mello (2012), quando uma área é privada de suas  principais conexões, o córtex se reorganiza para introduzir novas aferências, podemos  citar por exemplo pessoas que ficam cegas e vão aprender a ler em Braile. 

1.4.6 Máscara compensatória 

Muszkat e Mello (2012), se referem ao processo de adaptação, onde uma área  é lesada e outra assume sua necessidade num processo de compensação adaptativo.  Por exemplo um indivíduo com lesão no lóbulo temporal direito, memorizar uma lista  de ruas a serem percorridas pode ajudar na orientação espacial sem a necessidade  de ter que visualizar um mapa. 

1.4.7 Plasticidade por neurogênese 

Por muitas décadas acreditava – se que o cérebro não tivesse a capacidade  de regeneração, hoje se sabe que a neurogênese é a criação de novos neurônios  ocorre em algumas áreas do cérebro, como as regiões próximas aos ventrículos e a  área granular do giro dentado do hipocampo. Essas regiões primitivas tem a  capacidade latente para restituição do sistema nervoso central, elas se mobilizam para  gerar neurônios funcionais e integrados aos circuitos e redes preexistentes (LEE e  SON, 2009) 

De acordo com Hajszan, Milner e Leranth (2007) a neurogênese hipocampal pode ser estimulada também em situações ambientais, como o exercício físico, o uso  de estrógeno em mulheres após a menopausa e em situações ligadas ao prazer e a  recompensa. 

De acordo com Vyas et al. (2002) o estresse por exemplo pode ter um efeito  negativo pra plasticidade cerebral, o aumento da liberação de glicocorticoides  causados pelo estresse leva a um amento da perda neuronal (apoptose), levando a  diminuição da neurogênese hipocampal, causando prejuízos primeiramente da  memória espacial podendo se potencializar a longo prazo. 

De acordo com Von Bohlen e Halbach (2009) nas ramificações dos dendritos  ocorre nesta região uma série de “cascatas bioquímicas” que envolvem o íon cálcio  que é o elemento central da regulação da atividade intracelular. Dos  neurotransmissores o Glutamato parece ter uma importância fundamental, quando é  liberado da fenda sináptica se difunde até os receptores pós sinápticos, levando a ativação da proteína cinase que junto com o cálcio pode potencializar a transmissão  sináptica aumentando sua velocidade e condutância elevando os níveis de Glutamato. 

1.5 A reserva cognitiva no processo reabilitador 

De acordo com Cacerta et al. (2009) o cérebro possui uma grande capacidade  de se modificar, demonstrando possuir maior grau de plasticidade do que se  imaginava no passado.  

De acordo com Whalley et al (2004) a reserva cognitiva se refere à capacidade  do cérebro de compensar a degeneração causada por uma lesão, pela idade ou uma  doença neurológica. 

De acordo com Stern (2009) a teoria da reserva cognitiva defende algumas  variáveis como o nível de inteligência, escolaridade, ocupação profissional, atividade  social e de lazer são capazes auxiliar o cérebro a suportar melhor uma severa doença  neurológica, antes de sofrer a incapacidade cognitiva. 

Segundo Muszkat e Mello (2012), a manutenção das funções cognitivas tem  um efeito potencial sobre o bem-estar e a qualidade de vida, uma vida mais funcional  e com menor comprometimento da saúde. 

Segundo Muszkat e Mello (2012), pesquisadores do mundo todo se mobilizam  para investigar o funcionamento do cérebro ao longo do seu desenvolvimento, bem  como seus processos patológicos e estratégias capazes de amenizar as  consequências danosas das neuropatologias. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012), a maioria dos experimentos com foco  na reserva cerebral é baseada na doença de Alzheimer, por afetar várias funções  cognitivas e por ser lenta e progressiva. 

Katzman et al (1989) realizaram uma pesquisa com 137 idosos com doença de  Alzheimer, foram realizadas autópsias em seus cérebros e com um grupo de 137  idosos controles. Alguns desses idosos não manifestaram sintomas, mas em seus  cérebros havia lesões graves e características da doença de Alzheimer. Outros idosos  apresentavam manifestações dos sintomas de Alzheimer e menor quantidade  

de lesões. Os pesquisadores observaram que estes sujeitos que não manifestaram  os sintomas do Alzheimer tinham a circunferência craniana maior, portanto tinham  mais “reserva cerebral”, sendo capazes de suportar melhor a doença. 

De acordo com Katzman (1989), criou-se dois modelos de reserva cerebral, um  passivo e outro ativo. O modelo passivo sugere que o aumento da reserva gera o  aumento do número de neurônios e da densidade sináptica.  

De acordo com Stern et al (2003) quando a doença se instala uma parte dessa rede permanece disponível mantendo – se eficiente por mais tempo enquanto outra  parte é alterada. Portanto o modelo passivo refere-se a quantidade de dano que o  cérebro consegue suportar antes de ultrapassar o limite. 

De acordo com Fazekas et al., (1987) indivíduos com lesões cerebrais  semelhantes podem ter efeitos diferentes em cada indivíduo. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012), o modelo ativo se refere quando o  cérebro sofre uma lesão e tenta recompensar ativamente os danos causados pela  lesão. Este processo se dá através da ativação das redes cerebrais alternativas ou de  estruturas cerebrais compensadoras para substituir as que estão alteradas. O modelo  ativo se utiliza de melhores estratégias para compensar os danos, permitindo assim  manter por mais tempo a função cognitiva, apesar do insulto. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012), invés de focar na quantidade de  neurônios e sinapses predominante no modelo passivo, o modelo ativo foca na  eficiência do processamento neural. De acordo com Stern et al., (2003), um modelo  não excluí o outro existe uma interação entre as duas abordagens. 

Segundo Lee (2003) os indivíduos reagem de forma diversificada às doenças  podendo considerar fatores genéticos, psicossociais e relacionado ao estilo de vida,  tanto fatores inatos como fatores adquiridos influenciam a reserva cognitiva de cada  um. 

Segundo com Scarmeas et al. (2006) existe um conjunto de fatores que pode  compensar os efeitos do declínio cerebral e atenuar o déficit cognitivo alta  escolaridade, inteligência, ocupação profissional desafiadora e estilo de vida ativo. 

Segundo Stern et al. (2003), todos os fatores citados acima parecem ser fontes  de reserva cognitiva e um fator de proteção nas primeiras manifestações clínicas da  doença. 

Evidências mostram um alto grau de escolaridade parece influenciar na  organização cerebral e servir como um fator de proteção à manifestação clínica da  Doença de Alzheimer. A associação entre a menor incidência de doença de Alzheimer  e a alta escolaridade pode ser resultado da mudança que ocorre mais tardiamente e não porque haja menor taxa de declínio. Os níveis mais baixos de escolaridade podem  ser associados ao risco de demência (MAZUK e MELLO, 2012). 

De acordo com Mazuk e Mello (2012), a plasticidade neuronal e o estímulo  mental são algumas das possibilidades relacionadas ao efeito protetor dessa variável,  porém se desconhece o mecanismo pelo qual o nível de instrução modifica a  manifestação da doença de Alzheimer. 

Snowdon, Ostwald e Kane (1989) promoveram um estudo na Universidade de  Minnesota este estudo ficou conhecido “estudo das freiras” ele acompanhou 678  freiras reunindo sua história pessoal e médica, as mesmas aceitaram doar seus  cérebros para pesquisa após seu falecimento. Eles analisaram registros de  autobiografia escritos pelas freiras quando ingressaram no convento, ainda muito  jovens. Esses registros contam importantes variáveis de habilidades mentais, eles  encontraram uma forte relação entre a densidade das ideias e a complexidade  gramatical e as habilidades cognitivas. Ainda nesta pesquisa encontram uma relação  entre indivíduos que apresentavam menor capacidade linguística na idade jovem  apresentou pior desempenho cognitivo na idade avançada e maior incidência de  desenvolvimento de doença de Alzheimer. 

O QI e as habilidades cognitivas estimuladas ao longo da vida através da  educação e ocupação profissional são fontes de reserva cognitiva, capazes de tornar  as pessoas mais resistentes a perda severa de tecido cerebral, portanto a  aprendizagem modifica o cérebro mantendo suas habilidades preservadas por mais  tempo (MUSZKAT e MELLO, 2012). 

A ocupação profissional é segunda fonte mais consistente encontrada na  literatura de reserva cognitiva ela promove a manutenção de atividades profissionais  remuneradas ou não pelo maior tempo possível, beneficia os indivíduos prolongando  sua vitalidade cognitiva. Muszkat e Mello (2012) citam um estudo realizado em  Londres com motoristas de taxi, eles apresentavam um aumento do hipocampo na  parte superior, este sugere que o cérebro adulto saudável se modifica como resposta  às exigências ambientais. 

Segundo com Bassuk, Glass e Berkman (1999) as atividades sociais e de lazer  parecem influenciar significativamente o processamento cognitivo em idosos proporcionado uma reserva cognitiva na forma de habilidades. Há uma correlação  entre o estilo de vida e a capacidade intelectual na velhice.

Ao conceito de reserva cognitiva parece nos mostrar que é possível, treinar sua  mente para obter maior plasticidade mental, otimizando seu desempenho, e criando  agentes de proteção contra o declínio cognitivo. Assim, esse trabalho visou avaliar a  relação entre treino cognitivo e neuroplasticidade.

2 OBJETIVO 

Esse trabalho teve como objetivo verificar a correlação entre a reabilitação  neuropsicológica, o treino cognitivo e a neuroplasticidade.

3 METODOLOGIA 

Este estudo foi elaborado a partir da revisão bibliográfica da literatura disponível  sobre os temas. 

Bases de dados pesquisadas foram: Livros de referência sobre o assunto,  Scielo, Google acadêmico e BVS. 

Palavras-chave utilizadas: Reabilitação Neuropsicológica, Treino cognitivo,  Neuroplasticidade, Neuropsicologia e Psicologia e em inglês Neuropsychological  Rehabilitation, Cognitive Training, Neuroplasticity, Neuropsychology and Psychology. 

Também foram utilizadas referências bibliográficas de livros para  complementação de seleção de artigos para o trabalho. 

Os critérios de inclusão da bibliografia no trabalho foram baseados na escolha  de materiais produzidos em reabilitação neuropsicológica, treino cognitivo e  neuroplasticidade, trabalhos publicados na língua portuguesa e inglesa.

4 RESULTADOS 

Um estudo realizado em Campinas em 2012, pelas autoras Marília Zampieri,  Patrícia Shelini e Carolina Crespo, verificou a eficácia de um programa de estimulação  cognitiva das capacidades intelectuais. O estudo buscou verificar a inteligência Fluída (Gf), inteligência Cristalizada (Gc) e a Memória de Curto prazo (Gsm). De acordo com  Afonso, Flanagan e Radwan (2005 apud ZAMPIERI, SHELINI e CRESPO, 2012)  inteligência Fluida é uma habilidade de raciocínio associada a componentes não  verbais, pouco dependente de conhecimentos adquiridos previamente e de influências  culturais, parecendo receber influência de alterações orgânicas. As operações  realizadas frente a uma tarefa relativamente nova e que não podem ser executas  automaticamente, de acordo com Horn (apud ZAMPIERI, SHELINI e CRESPO, 2012),  representam Gf. Já a inteligência Cristalizada é o conjunto de capacidades exigidas  na resolução de problemas cotidianos, sendo dependente de conhecimentos  adquiridos pela experiência educacional e o contato com a cultura. 

Gc pode sempre ser incrementada à medida que novas experiências se  acumulam com o passar da idade, ao contrário do que é proposto para Gf, que é mais  limitada pelo desenvolvimento biológico. De acordo com Colom e Flores – Mendoza  (2006) Memória de Curto Prazo (Gsm) consiste na apreensão do uso de informações  por um período curto de tempo. Passado esse tempo de uso, a informação pode ser  descartada ou armazenada na memória de longo prazo, a capacidade é limitada a  cerca de oito estímulos ou informações. 

Zampieri, Shelini e Crespo (2012), realizaram um estudo de estimulação  cognitiva de capacidades intelectuais (Gf, Gc e Gsm), participando do estudo 22  crianças, de ambos os sexos, com idades entre 7 e 11 anos, com dificuldade de leitura  e escrita. Para o pré-teste foram aplicados Teste de Desempenho Escolar (TDE),  Escala Wechesler de Inteligência para Crianças 3º edição (WISC III) e as Matrizes  Progressivas Coloridas de Raven. Iniciaram a pré-testagem e, posteriormente, a  estimulação cognitiva e após estimulação, foi reaplicada a mesma bateria de testagem  para medir os resultados após dois meses. A eficácia do programa para os três  conjuntos de dados obtidos com o WISC III demonstrou escores superiores aos dados  do pré-teste. De acordo com Melo (2012) a autora da padronização brasileira do WISC III, não se observam diferenças de pontuações significativas no teste no período de  um ano. De acordo com Zampieri, Shelini e Crespo (2012), pode-se considerar que a  melhora nos escores dos participantes tenha sido efeito da estimulação realizada  durante o programa. 

O TDE também apresentou aumento nos escores após na estimulação de Gf,  Gc e Gsm. Apenas no instrumento das Matrizes Progressivas Coloridas de Raven não  se observou uma diferença significativa entre o pré-teste e o pós-teste. Segundo  Zampieri, Shelini e Crespo (2012), acredita-se que o programa pode ter atenuado  como fator de proteção, dado que a amostra era composta por uma população de  risco, mais suscetível ao fracasso escolar. Ao incentivar o uso de estratégias de  resolução de problemas, elas podem ser generalizadas pela plasticidade neural se  aplicando em situações cotidianas e acadêmicas, desafiando os participantes a  superar as dificuldades e empregar estratégias úteis na resolução de problemas. 

Segundo Zampieri, Shelini e Crespo (2012), vários estudos trazem que capacidades relacionadas à inteligência são mais maleáveis ou passíveis de  modificação por meio de diferentes tipos de ação. Há estudos que citam a ocorrência  de um aumento “natural” dos escores em medidas de inteligência (QI) ao longo do  tempo, esses ganhos são denominados Efeito Flynn. Em média as crianças ganham  três pontos por década em período escolar e cinco pontos entre os adultos. 

Colom (2002 apud ZAMPIERI, SHELINI e CRESPO, 2012), cita o projeto  Milwaukee que se constituiu no ensino de mães para estimular diariamente seus filhos  desde o nascimento até os seis meses de vida. Este é um programa do governo  Federal do Estados Unidos que tem como objetivo auxiliar famílias de baixa renda. 

Este programa objetiva orientar pais para a promoção adequada de condições  ambientais que visem o favorecimento do desenvolvimento cognitivo com a condição  socioeconômica desfavorável e a propensão ao retardo metal. Os resultados  mostraram aumento nos escores apresentados nos testes de inteligência e maior  tendência ao ingresso em cursos superiores. 

Segundo Almeida e Morais (1997 apud ZAMPIERI, SHELINI e CRESPO 2012), em Portugal foi implementado o Programa de Promoção Cognitiva tendo como foco a  inteligência como conjunto de capacidades específicas que podem ser treinadas. Os autores do programa defendem que o treino cognitivo possibilitaria um “aprender a  pensar” e consequentemente um “aprender a aprender”, aumentando a possibilidade  de consolidação, transferência e aplicação do processo a diversas situações. Esse programa existe desde 1980 e os autores ressaltam a eficácia do programa quanto ao  desempenho em tarefas que envolvam resolução de problemas por meio de treino  sistemático e intencional. Foram realizadas 15 sessões com este projeto, uma sessão  de introdução e as outras três sobre os estágios do processamento da informação:  recepção e organização da informação, relacionamento da informação e elaboração  de respostas. O aplicador do programa atua como mediador da aprendizagem, e as  atividades podem ser simples, cotidianas e lúdicas, utilizando-se de jogos tradicionais  que exercitem atenção, memória e planejamento. Tais programas podem ser  aplicados nos contextos educacionais, hospitalares e extra institucionais, eles também  têm um caráter preventivo se aplicado a populações de riscos. 

De acordo com Irigaray, Filho e Schneider (2012), no processo de  envelhecimento normalmente as funções cognitivas diminuem naturalmente, ocorre  um declínio significativo em funções como memória, atenção e funções executivas, mesmo em idosos não acometidos por doenças. De acordo com Baltes & Baltes (1990  apud IRIGARAY, FILHO e SCHNEIDER 2012) no envelhecimento saudável há  possibilidade de compensação dos declínios cognitivos e o treino cognitivo pode  proporcionar aumento do desempenho cognitivo e manutenção das habilidades  cognitivas. Segundo Yassuda, Bastistoni, Fortes e Neri (2006 apud IRIGARAY, FILHO  e SCHNEIDER 2012) o treino cognitivo tem como objetivo maximizar as funções  cognitivas e prevenir futuros declínios cognitivos. 

De acordo com Yassuda et al (2006) buscaram verificar os efeitos de um  programa de treino de memória episódica de quatro sessões em 69 idosos saudáveis.  Os resultados indicaram que o grupo experimental apresentou um melhor  desempenho na recordação do texto e maior uso de estratégias de memória em  relação ao grupo controle no pós- teste revelando efeitos do treino no grupo  experimental. 

Em outro estudo brasileiro Souza e Chaves (2005) que analisou o efeito da  estimulação da memória sobre o desempenho no Miniexame do Estado Mental (MEM)  de 46 idosos saudáveis. Inicialmente todos os participantes preencheram um  questionário de caracterização sóciodemográfica composto por questões relativas a  dados gerais de caracterização pessoal. O MEM foi aplicado antes do início das  atividades da oficina e ao final dessa, com o intuito de comparar os escores, bem  como, de verificar aumento dos mesmos após as atividades estimuladoras. Essas  atividades ocorreram em 8 reuniões, com duração de 2 horas cada, totalizando 16 horas de atividades. Elas consistiram em apresentação de palestras, aplicação de  jogos, atividades e exercícios que exercitassem e estimulassem o raciocínio, os  diferentes tipos de memória e as demais funções cognitivas. Esses exercícios eram  essencialmente compostos por resolução de problemas, cálculos, diante dos  resultados observou-se que a maioria dos participantes apresentou aumento  estatisticamente significativo nos escores do MEM após o treino cognitivo de memória  realizados em oito sessões. 

Dois estudos realizados na Universidade Estadual de Campinas, Lasca (2003)  e Carvalho (2006) encontraram aumento no desempenho de idosos em tarefas de  memória. Na realização dessa pesquisa se testou a eficácia do treino com a técnica  de organização sobre a memória de mulheres idosas residentes na comunidade e não  portadoras de déficit cognitivo e nem de depressão, exigiu a preparação prévia do  material que comporia o programa de treinamento. Esse trabalho implicou na  validação de quatro versões equivalentes de listas de itens de compras de  supermercado (LASCA 2003). Já na realização desse outro estudo investigou a  eficácia de treino de memória de cinco sessões, focando a estratégia de  categorização, oferecida a idosos entre 4 a 8 anos de escolaridade (CARVALHO  2006). Ambas pesquisas mostraram que o treino promoveu melhora na memória  episódica e um maior uso da estratégia treinada, indicando que idosos não  acometidos por doenças podem se beneficiar desse tipo de intervenção. 

Valentijn et al., (2005) desenvolveram um trabalho com idosos saudáveis que  apresentavam queixas subjetivas de memória, procurando determinar quais seriam  os efeitos do treino cognitivo individual e grupal. Os participantes que foram incluídos  no estudo, tinham 55 anos ou mais, tinham uma boa compreensão da língua  holandesa, eram autônomos o suficiente para viajar de forma independente ao centro  de pesquisa, não usavam medicação psicotrópica diariamente e não participou  anteriormente de uma pesquisa neuropsicológica do programa. Os critérios de  exclusão foram pontuação abaixo de 24 no Mini Exame do Estado Mental (MEEM), e  nenhum diagnóstico de patologia do sistema nervoso central ou alguma das principais  doenças psiquiátricas. No grupo de treino coletivo os resultados demonstraram mais  estabilidade, menos sentimentos de ansiedade e de estresse no uso da memória. 

Ball et al., (2002) avaliaram a afetividades e durabilidade de três intervenções  distintas, treino de memória, treino de velocidade de processamento e treino de  argumentação com dez sessões cada em idosos saudáveis. Os resultados mostraram que havia um desempenho superior nas habilidades treinadas em grupo, revertendo  os declínios cognitivos relacionados a idade. O estudo foi acompanhado de 1998 a  2004 evidenciando que comparado ao grupo controle, o grupo experimental  apresentou aumento nas habilidades cognitivas que permaneceu cinco anos após a  intervenção. 

Irigaray, Filho e Schneider (2012) realizou um estudo de treino de memória,  atenção e funções cognitivas em idosos saudáveis. A amostra foi composta por 76  idosos de ambos os sexos com idades entre 60 a 89 anos, os participantes eram  autônomos, socialmente ativos e moradores da comunidade de Porto Alegre, eles  frequentavam grupos para realizar atividades físicas, cognitivas e sociais. Para  participar, os idosos deveriam ter mais de 60 anos, apresentar pontuação superior a  18 no exame MiniExame do Estado Mental (MEEM) para idosos com baixa/ média  escolaridade e >26 para idosos com alta escolaridade; pontuação inferior a cinco  pontos na Escala de Depressão Geriátrica (GDS – 15) e; pontuação inferior a 20 n  Inventário de Ansiedade de Beck (BAI). Tanto no grupo controle como no grupo  experimental, foram aplicados os instrumentos citados, o grupo controle não participou  das sessões de treino cognitivo. Os instrumentos utilizados nesta pesquisa foram: Ficha de dados sociodemográficos – Esta ficha inclui variáveis como sexo, idade,  estado civil, anos de escolaridade, idade, percepção de saúde e percepção subjetiva  da memória; Miniexame do Estado Mental (MEEM) – instrumento de rastreio cognitivo  e foi utilizado no estudo com intuito de excluir idosos que apresentam critérios para  demência Bertolucci et al (1994 apud IRIGARAY, FILHO E SCHNEIDER, 2012) Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15) – medida utilizada para identificação e  quantificação de sintomas depressivos em idosos (YYESAVAGE et al., 1983 apud  IRIGARAY, FILHO E SCHNEIDER, 2012). Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) – medida de intensidade de ansiedade (CUNHA, 2001 apud IRIGARAY, FILHO E  SCHNEIDER, 2012). Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve (NEUPSILIN)  – instrumento de avaliação neuropsicológica breve, porque possui um tempo reduzido  de aplicação (entre 30 a 40 minutos) e inclui 32 tarefas que avaliam 8 funções  cognitivas.  

As tarefas avaliam orientação têmporo-espacial, atenção, percepção, memória  (memória de trabalho, memória verbal: evocação imediata, evocação tardia e  reconhecimento, memória semântica de longo prazo, memória visual e memória  prospectativa), habilidades de aritmética, linguagem (linguagem oral e linguagem escrita, praxia (ideomotora, construtiva e reflexiva) e funções executivas (resolução  de problemas e fluência verbal) (Fonseca, Salles e Parente, 2009); e Teste  Winsconsin de Classificação de Cartas (WCST) – este instrumento é considerado uma  medida das funções executivas e requer a capacidade do examinando para  desenvolver e manter uma estratégia apropriada de solução de problema por meio de  condições de estímulos mutáveis a fim de atingir uma meta futura (CUNHA et al, 2005 apud IRIGARAY, FILHO E SCHNEIDER, 2012). 

Neste estudo foi realizada uma sessão de 90 minutos por semana. As sessões  de treino de atenção foram fundamentadas no trabalho de Ostrosky – Solís e Gutiérrez  (2000 apud IRIGARAY, FILHO E SCHNEIDER, 2012) as sessões de treino de  memória replicam de maneira exata o estudo de Yassuda et al. (2006), as sessões de  funções executivas foram fundamentadas no trabalho de Sammer, Reuter, Hullmann,  Kaps e Vaitl (2006) (ANEXO). As tarefas realizadas foram inspiradas nos subtestes  “Completar figuras”, “Raciocínio matricial”, “Arranjo de figuras”, “Compreensão” e  “Armar objetos” da Escala de inteligência para adultos WAIS – III (SAMMER et al.,  2006 apud IRIGARAY, FILHO E SCHNEIDER, 2012). 

Houve sessões de introdução ao tema, grupos de discussões, leituras para  casa e as sessões de treino propriamente ditas. Na última etapa, os participantes  foram reavaliados após o treino com os mesmos instrumentos utilizados no início.  Observou-se diferenças significativas nos resultados do NEUPSILIN, no instrumento  WCST não foram observadas diferenças significativas nos escores, no entanto o  grupo experimental demonstrou maior número de acertos no pós-teste, nos  instrumentos MEEM, BAI e GDS também foram observadas diferenças significativas.  Na escala GDS observou-se que no grupo experimental houve diminuição dos  sintomas de Ansiedade e Depressão e, apesar de o grupo experimental apresentar mais sintomas depressivos, ainda sim não preenchiam critérios para Depressão. No  instrumento MEEM o grupo experimental teve um desempenho superior no pós-teste  e no instrumento BAI observou que os sintomas de Ansiedade diminuíram no pós 

teste no grupo experimental, o resultado detalhado está nas tabelas nos anexos (IRIGARAY, FILHO E SCHNEIDER, 2012). 

Vale ressaltar que grupo controle possuía mais anos de estudo e renda superior  ao grupo experimental, devendo assim se sair melhor nos pós-teste. De acordo com  Irigaray, Filho e Schneider (2012), compreende-se que há um efeito de aprendizagem do pré-teste para o pós-teste devido aos efeitos da prática, porém este efeito não foi  observado no grupo controle, apenas no grupo experimental. 

De acordo com Von Cramon et al (1991) foi realizado um programa de  treinamento em grupo “reabilitação de resolução de problemas” com foco no  treinamento e restabelecimento da função executiva alterada e também na  compensação de déficits cognitivos. O objetivo deste trabalho foi reduzir a  complexidade de problemas decompondo-os em sub-etapas e, assim, substituir uma  abordagem impulsiva por outra mais sistemática e eficaz. 

Os pacientes realizam exercícios que treinam: 

a) Identificação e análise de problemas; 

b) A seleção de informações relevantes para a solução de problemas; c) O reconhecimento das relações entre informações relevantes e combinação  apropriada destas; 

d) A produção de ideias e soluções; 

e) O uso de representação mental para resolver esses problemas; f) O monitoramento da implementação e avaliação das soluções (VON  CRAMON et al, 1991). 

Nesta pesquisa compararam 20 pacientes que receberam a reabilitação de  resolução de problemas com 17 pacientes controle que receberam reabilitação de  memória. Os pacientes admitidos possuíam várias etiologias de dano cerebral (lesão  cerebral traumática, acidentes vasculares cerebrais entre outros). A amostra foi  dividida em dois grupos, utilizando tarefas de “solução de problemas” (Baralhos, Torre  de Hanói, quebra-cabeça e teste de planejamento). Os resultados demonstraram que  os pacientes que receberam a reabilitação de resolução de problemas demonstraram  melhora nos testes de inteligência global e resolução de problemas em relação ao  grupo controle (VON CRAMON et al, 1991). 

Em outro estudo realizado por Rath (2003) descreve um programa de  reabilitação de grupo de resolução de problemas que utilizou tanto o treino cognitivo  como abordagem de compensação. 27 pacientes com traumatismo cranioencefalico  (TCE), entre 20 e 65 anos, todos pelo menos um ano após a lesão, passaram por tratamento inovador e 19 pacientes o tratamento convencional. Todos possuíam habilidades no idioma inglês suficientes para testes. Foi comparado um grupo de 27  pacientes que receberam o tratamento de resolução de problemas com um grupo de  19 pacientes controle que receberam um tratamento convencional (treino cognitivo geral e psicossocial). Ambos tratamentos envolviam 24 sessões de duas horas  semanais. Os resultados demonstraram que os grupo experimental melhorou o  desempenho nos testes Wisconsin (WCTS), na autoavaliação de habilidades de  resolução de problemas, na regulação emocional e nas observações de avaliadores  externos. Segundo Rath et al (2003), não conseguiram demonstrar evidências de  generalização para as atividades de vida diária, embora isso continue sendo uma  grande dificuldade dos estudos na área de reabilitação. 

Levine et al. (2000) utilizaram a técnica goal management training (GMT) em  pacientes com traumatismo cranioencefálico (TCE) e encefalites, com foco tanto no  treino como na compensação de alterações cognitivas. Segundo Muszkat e Mello  (2012) a GMT se baseia no princípio de que pacientes com lesões frontais apresentam  dificuldades em criar metas, resolver problemas para se atingir uma meta e monitorar  o comportamento em curso. Este treino possui cinco estágios: 

1) Pare e pense no que está fazendo, 

2) Defina a tarefa ou meta principal, 

3) Enumere os passos necessários, 

4) Aprenda e memorize os passos, 

5) Durante a implementação dos passos, cheque se está no caminho certo  ou fazendo aquilo que pretendia inicialmente. 

Neste estudo 13 dos 30 participantes apresentaram TCE aguda, 9 dos quais  tinham lesões envolvendo os lobos frontais. Foram aplicados testes que visam  mensurar déficits de autorregularão e alcance de metas. O desempenho dependia de  concluir o maior número possível de itens, este necessitava da inibição e do meio  ambiente direcionado para concluir todos os itens e se necessitasse uma mudança de  estratégia para conclusão seletiva de itens breves (LEVINE et al. 2000). 

Foram aplicadas tarefas diárias com papel e lápis, três tarefas que foram  projetadas para este estudo, cada tarefa envolve manter objetivos em mente, análise  do subobjetivo e monitoramento tarefas. Os participantes receberam um parágrafo de  texto e uma lista de três instruções simples de revisão. As instruções envolviam  sublinhar, circular e riscar palavras que atendiam a certos critérios. E outra tarefa as  instruções eram circular os números, sublinhar frutas e legumes e colocar um ‘X’ em  líquidos. Três testes consideradas sensíveis ao TCE foram administrados: o Stroop,  Trail Making A e B e Digit (Sub-teste de símbolo do WAIS) (LEVINE et al. 2000).

Os resultados demonstraram melhora do desempenho dos pacientes com TCE  nas medidas de base, embora essa melhora não tenha sido generalizada para a vida  real. Os pacientes com encefalite apresentaram melhora em atividades de vida diária  que envolviam a preparação de refeições (LEVINE et al., 2000). 

De acordo com Muszkat e Mello (2012), embora escassos, estudos sobre  intervenções neuropsicológicas aplicadas para reabilitação demonstram benefícios  importantes, essas intervenções se tornam ainda mais relevantes se considerarmos  que há possíveis implicações positivas não apenas no contexto individual de cada  paciente, mas também no contexto econômico e social. Podendo observar que, após  as intervenções, uma parcela considerável desses pacientes retorna a algum tipo de  atividade ocupacional. Há evidências na literatura de melhor prognóstico de  recuperação em pacientes que iniciaram a reabilitação neuropsicológica na fase  aguda ou pós-aguda, comparado aqueles que não receberam ou receberam  intervenções não direcionadas para esse fim. Em relação a abordagem utilizada, os  estudos descritos demonstraram que tanto na compensação, quanto o treino da  função comprometida pode-se obter benefícios.

5 DISCUSSÃO 

O presente trabalho observou que há uma grande relação entre a  neuroplasticidade, o treino cognitivo, a reabilitação neuropsicológica e a reserva  cognitiva. 

Através da revisão bibliográfica se pode constatar que o cérebro, ao contrário do que se pensava no passado, tem uma grande capacidade de regenerar e readaptar  após uma lesão ou uma doença neurodegenerativa. 

A teoria do desuso, as mudanças nos padrões de atividades resultam no  desuso e consequentemente em atrofia do processamento e das habilidades  cognitivas de idosos. De acordo com Irigaray, Filho e Schneider (2012), o  engajamento em atividades intelectuais serve como um fator de proteção contra o  declínio cognitivo decorrentes do envelhecimento normal. A maioria dos idosos que  apresentam declínio cognitivo as tem por desuso e, por isso, é reversível desde que  a pessoa seja treinada. 

A doença de Alzheimer provoca o declínio cognitivo, provocando degeneração  em diversas áreas afetando o sistema nervoso central de maneira global e implacável,  por isso ela é mais citada quando falamos de declínio cognitivo. 

Nesse sentido compreendemos que cérebro é um órgão altamente sensível aos  estímulos que lhe são fornecidos, ele é capaz de aprender, alterar aspectos  biológicos, psicológicos, emocionais e comportamentais.  

Segundo Stern (2009) a reserva cognitiva conta com algumas variáveis de  grande importância tais como nível de inteligência, escolaridade, ocupação  profissional, atividade social e de lazer são fatores determinantes e ajudam aumentar  a reserva cognitiva, prolongando a vida saudável do cérebro e ajudando – o suportar  melhor uma doença severa. 

De acordo com Adam, Bay e Perelman (2005), a manutenção funções  cognitivas tem um efeito potencial sobre o bem-estar e a qualidade de vida. Através  de atividades rotineiras e cotidianas, o treinamento cognitivo ou reabilitação  neuropsicológica vem agregar essas atividades, podendo realizar essa manutenção e  estimulação das funções cognitivas.

De acordo com Mazuk e Mello (2012) a exposição prolongada a experiências  de treino, leva a alterações estruturais e à modulação da densidade sináptica das  áreas envolvidas com determinadas habilidades. Portanto o treino cognitivo e a  reabilitação neuropsicológica são muito eficientes e importantes nesse processo de  readaptação do indivíduo. 

Segundo Muszkat e Mello (2012), pode-se adquirir maior plasticidade neuronal  através da estimulação mental, portanto essa é uma das variáveis relacionadas ao  efeito protetor do declínio cognitivo. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012), o QI e as habilidades cognitivas  estimuladas ao longo da vida através de educação e ocupação são fontes de reserva  cognitiva, capazes de tornar as pessoas mais resistentes ao declínio cognitivo,  portanto a aprendizagem e a estimulação cognitiva modificam o cérebro mantendo  suas habilidades preservadas por mais tempo. 

De acordo com Consensa, Fuentes e Malloy-Diniz (2008), o cérebro tem um  funcionamento integrado, considerando-o como um sistema integrado, ou seja, há  uma comunicação entre as áreas cerebrais, e elas são interdependentes e inter relacionadas. 

Segundo Muszkat e Mello (2012), a reabilitação pode contribuir auxiliando na  correção, na atenuação, como também para aliviar ou compensar déficits cognitivos,  motores ou comprometimento cerebral. 

De acordo com Muszkat e Mello (2012), a reabilitação está além da promoção  de benefícios cognitivos, é mais ampla, ela contempla a qualidade de vida, o fator  emocional, à reintegração social, objetivando facilitar o desempenho em tarefas  relacionadas às habilidades cognitivas e não somente ocupar-se no tratamento das  funções da cognição (memória, atenção, compreensão). 

Segundo Muszkat e Mello (2012), a plasticidade neural corresponde à  habilidade do cérebro de criar ou recuperar uma função através da migração e de  interações sinápticas. De acordo com Ferrari (2001), a interação do cérebro com o  meio ambiente gera uma mudança estrutural do sistema nervoso. 

De acordo com Gindri et al. (2012 apud MAZUK E MELLO 2012) devido a  plasticidade, a reabilitação pode ser pensada para os casos de indivíduos que  sofreram lesão, mas também como prevenção ou adiamento dos sintomas de  demência. Indivíduos sem patologia diagnosticada também se beneficiaram da  reabilitação, pois há situações em que a demanda laboral, acadêmica e social exigem um aprimoramento de alguma função deficitária e, neste caso, a reabilitação é  direcionada com treinos de estimulação de habilidades especificas.  Através de exercícios cognitivos, o cérebro é capaz de uma mudança  adaptativa na estrutura e função do sistema nervoso central. O cérebro é capaz de se  reorganizar, alterando suas estruturas, massa encefálica e volume de conexões. Segundo Muszkat e Mello (2012), o ambiente externo participa ativamente nos  processos de apoptose por desuso, arborização dendrítica e formulação de novas  sinapses, portanto os estímulos externos são imprescindíveis para eficiência desses  processos. 

Muszkat e Mello (2012) já mencionavam a importância que das experiências,  podendo promover mudanças no funcionamento e estrutura cerebral. As experiências  podem alterar padrões de comportamento, criar sinapses, recrutar novos neurônios e  aprimorar conexões neurais, nesse sentido a plasticidade mental está intimamente  relacionada a aprendizagem. 

A reserva cognitiva traz pistas do funcionamento estrutural do cérebro.  Segundo Muszkat e Mello (2012), esse conceito se refere à capacidade do cérebro  em compensar a degeneração causada por uma lesão ou uma doença neurológica. 

Os trabalhos de reabilitação e treino cognitivo ainda são muito escassos no  Brasil. Seria interessante incluir essas tarefas (treinos) desde o ensino básico,  tornando as crianças mais eficientes para lidar com suas dificuldades e os idosos com  maiores fatores de proteção para o declínio cognitivo, aumentando a reserva cognitiva  e consequentemente a qualidade de vida

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Pode-se verificar que há uma integração e inter-relação entre o treino cognitivo,  a reabilitação neuropsicológica e a neuroplasticidade. O ambiente é extremamente  determinante, apresentando que as exigências do meio podem contribuir e  condicionar nossas mentes e comportamentos.

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ANEXOS 

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2012000300005&lng=en&nrm=isso YASSUDA, M. S., BATISTONE, S. S. T., FORTES, A. G., & NERI, A. L. (2006)

39 

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2012000300005&lng=en&nrm=isso YASSUDA, M. S., BATISTONE, S. S. T., FORTES, A. G., & NERI, A. L. (2006)

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2012000300005&lng=en&nrm=isso YASSUDA, M. S., BATISTONE, S. S. T., FORTES, A. G., & NERI, A. L. (2006)

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2012000300005&lng=en&nrm=isso YASSUDA, M. S., BATISTONE, S. S. T., FORTES, A. G., & NERI, A. L. (2006)

Livro: Reabilitação neuropsicológica: abordagem interdisciplinar e modelos conceituais na prática clínica/  Jaqueline Abrisqueta-Gomez… [et al.] – Porto Alegre: Artmed, 2012. p.192

ANEXO 

Termo de Responsabilidade Autoral 

Eu Priscila Santana dos Santos, afirmo que o presente trabalho e suas  devidas partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da  responsabilidade autoral sobre seu conteúdo. 

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de Conclusão  de Curso de Especialização em Neuropsicologia, sob o título “A reabilitação  neuropsicológica e a neuroplasticidade”, isentando, mediante o presente termo, o  Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC) e meu orientador  de quaisquer ônus consequentes de ações atentatórias à “Propriedade Intelectual”,  por mim praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais  decorrentes das ações realizadas para a confecção da monografia. 

São Paulo, __________de ___________________de______. 

_______________________ 

Assinatura do (a) Aluno (a)

 

  

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